quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tristeza

Hoje parece-me outono.
Pelo vento, pelo frio... abril acabou.
Foi um dia menos bom, com cansaço e pressão q.b.
Tudo a explodir e a sufocar ao mesmo tempo.
Tudo a matar por dentro.

Amannhã já será maio.
Talvez amanhã não me digam para sair.
Talvez amanhã não me mostrem onde fica a porta.
Talvez amanhã toque, ao de leve, núvens fofas de ternura
junto dos meus dois tesouros.

Nem tudo em mim é falta de sono
Nem tudo em mim é incompreensão e impaciência
Nem tudo é causa do cansaço.

Há em mim uma saturação de palavras-lâmina.
Palavras geradas em qualquer coisa que roce o não tão bem intencionado.
E isso causa-me dor. Causa-me a pressão de ter que ser o que nunca serei-
Perfeita.

Mas sou e sempre serei uma boa mãe.
Nem que tenha de chorar a rodos como hoje.
Nem que tenha mesmo de sair por aquela porta
negando-me ao diálogo.
Nem que tenha de engolir o maior dos sapos
ou até um hipopótamo.
Ou atravessar um deserto frio e turtuoso
de mágoas acumuladas.

Acabo abril assim.
Ferida, triste e incompreendida
como um carro cheio de mossas.
mas hei de aguentar as batidas e seguir
ainda que no meu rosto, pelas rugas
ou através de quaisquer outras marcas suas amigas
vão ficando os sinais de alguns desgostos repetidos.
Irreparáveis.