quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tristeza

Hoje parece-me outono.
Pelo vento, pelo frio... abril acabou.
Foi um dia menos bom, com cansaço e pressão q.b.
Tudo a explodir e a sufocar ao mesmo tempo.
Tudo a matar por dentro.

Amannhã já será maio.
Talvez amanhã não me digam para sair.
Talvez amanhã não me mostrem onde fica a porta.
Talvez amanhã toque, ao de leve, núvens fofas de ternura
junto dos meus dois tesouros.

Nem tudo em mim é falta de sono
Nem tudo em mim é incompreensão e impaciência
Nem tudo é causa do cansaço.

Há em mim uma saturação de palavras-lâmina.
Palavras geradas em qualquer coisa que roce o não tão bem intencionado.
E isso causa-me dor. Causa-me a pressão de ter que ser o que nunca serei-
Perfeita.

Mas sou e sempre serei uma boa mãe.
Nem que tenha de chorar a rodos como hoje.
Nem que tenha mesmo de sair por aquela porta
negando-me ao diálogo.
Nem que tenha de engolir o maior dos sapos
ou até um hipopótamo.
Ou atravessar um deserto frio e turtuoso
de mágoas acumuladas.

Acabo abril assim.
Ferida, triste e incompreendida
como um carro cheio de mossas.
mas hei de aguentar as batidas e seguir
ainda que no meu rosto, pelas rugas
ou através de quaisquer outras marcas suas amigas
vão ficando os sinais de alguns desgostos repetidos.
Irreparáveis.




terça-feira, 29 de abril de 2014

Arrepios e lágrimas



E, de repente, acontece novamente.
Quando me dei conta,
tinha o coração espremido
a alma tolhida pelo arrebatamento
desta ou de outra melodia.
Canções que sempre te trarão forte, inabalável.
As emoções que me causaste foram tantas como estas velinhas.
Incontáveis e perenes.
Até que veio sobre nós um sopro...
Tudo terá acabado quando partiste. Ou talvez não...
Talvez ainda nos encontremos em algum lugar, quiçá no Paraíso.
Onde estarás? Por onde andará a tua alma?
Límpida como as águas impolutas de um rio.
Suave como o verde dos teus olhos.
Forte como a robustez das tuas mãos.

Queria tanto encontrar-te e ser tua, como nunca fui.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sentido

Não sei se faz sentido
Não sei se faz sentido continuar
Continuo a vir, por isso deve fazer
Sentido.

O que sinto continua a ser único.
Nesta era, talvez não mais voltemos a encontrar-nos.
Quem sabe?

Penso agora não em comprar uma mas em plantar.
Plantar um túlipa vermelha
que germine junto a ti, ou do que há de ti na terra.

Seria a minha eterna presença junto a ti.
Mas talvez tivesse que ser uma árvore.

Sim, porque uma flor pode secar, pode também morrer.
E eu não quero morrer junto a ti.
Quero florir, quero revigorar, quero fortalecer.

Quero plantar-me junto a ti.
Aceitas(-me)?

É tão difícil aceitar que partiste.
demasiadamente incomprenesível.
Exaustivamente impossível.
Por isso esta vontade de semear a vida numa flor que pretende ser uma eterna homenagem a ti, a mim, a sentimentos que talvez só tenham existido na minha cabeça.

Mesmo assim.
Quero plantar-me aí, ao pé de ti.

Terá que ser no inverno.
O bolbo enraíza na estação fria, para depois florescer na primavera.
Assim será.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Bad day



Talvez seja defeito dos poetas e dos loucos... a eterna insatisfação.
Hoje senti-a como nunca.
Queria muito ser normal, ver a vida de outra forma, sentir-me mais feliz...
A partir de hoje e durante 5 anos conviverei com uma imagem de mim.
Talvez seja essa mesmo que me defina neste momento e que eu gostaria apenas de "disfarçar".
Estava linda. Cabelo pintado, maquilhada, sobrancelha feita... no meu melhor!
Contudo, transpirada.
A impressão digital não saía.
"desculpe, agora o esquerdo."
Dois minutos depois: "agora é o direito que não dá... tome, seque aqui a mão, está muito suada"
A franja desalinhada, o sorriso amarelo.
A tranquilidade: - vem de dentro!
E, durante 5 anos, aquela foto vai exprimir eximiamente o dia, talvez o período mais ansioso da minha vida.
Um dia em que, mais uma vez, não parei para me ouvir a mim própria e fiz aquilo que me "inflingiram". Vou tentar evitar que se repita. Mas sei que se vai repetir...
Terei de olhar para ela e recordar este dia, sempre que olhar para o meu CC.
No meu rosto, o peso da ansiedade, da pressa, do suor de uma tarde que durará 5 anos...

Em cada dia, sempre há algo que te traz forte. Forte o suficiente para fazer uma ou mais lágrimas brotarem dos meus olhos.
Hoje fixei-me no vazio, imaginei-te lá. Cá em casa imagino-te sempre lá, à entrada do corredor. Em pé, a olhar para mim. Não teria medo de ti, mesmo que te soubesse perto. E às vezes imagino que estejas. Decerto só na minha imaginação...
Pode parecer estranho, mas por vezes sentia que a morte tocaria um de nós. Mas sempre pensei que fosse eu... Não sei porquê.
Bem, chega de ideias fúnebres... hoje (dia 2), embora já sejam 0:44 (portanto, dia 3), aconteceu mais um aniversário da tua morte.
Abraço-te com a minha alma e todo o meu amor. (Nem nunca um abraço demos!...)
O almoço foi às quatro e a sopa do jantar tardio não chegou. Pedi-lha e não ma trouxe. Magoou.
O beijo de boa noite também foi dispensado.

Tenho a certeza que quando ouvias esta canção, pelo menos uma vez te lembraste de nós.
Ela faria todo o sentido na tua nova relação... Aliás, quando a ouvi pela primeira vez, percebi como o tempo tinha passado e a viragem que representava (Agora só pensas nela...não em mim).
Por te amar tanto, desejava que ainda estivesses vivo e feliz.
Este vídeo, nunca o viste porque foi publicado após a tua ida...

https://www.youtube.com/watch?v=t2wDJaE60n8