quarta-feira, 4 de abril de 2012


É meia-noite. Meia-noite em ponto.
Não te vejo, não te sinto, não te ouço...
Onde estás?
Sinto uma qualquer ausência tua.
Sinto-me ínsula, do mar e da lua.

Passaste por mim, naquele dia,
tão alheio a tudo, principalmente a mim...
Primeiro o entusiasmo da dúvida,
depois a alegria da confirmação.

Só pude reagir com um sorriso
rasgado, cheio de tudo o que és para mim,
transbordante em cada gesto, do desejo, que plantaste aqui.
Um regato correndo pelas entranhas da terra seca,
do meu caule, seiva, que alimenta a alma.

N e V
de "Nunca Vás"
de "Never, de "Vain"
de navalha que corta e rasga
de "Nunca", de "Nada"
de Noturno Verão
ou de velho "não".

Tenho de fingir que não existes.
Para poder, embora triste
Libertar-te
Expulsar-te do meu coração...

Ainda assim persistes
na lembrança de tanto do que faço,
de lugares por onde passo,
de melodias que te trazem forte,
de aromas perfumados...

Que má sorte, querer-te,
e em vão, tudo em vão...
continuar a sofrer-te.

(19 Março 2012)